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O Sonho de Greta | Rosemary Myers | Austrália | 2014

Atualizado: 16 de abr. de 2020

Com ótima atuação da dupla de jovens protagonistas, “O Sonho de Greta” é um cult juvenil com estética que remete ao estilo do diretor Wes Anderson. “Filme australiano premiado em festivais como Adelaide, Melbourne e Seattle, O Sonho de Greta é uma grata surpresa em se tratando de histórias sobre adolescentes”, isto é o que diz a crítica Neusa Barbosa no ótimo texto que você vai ler a seguir.



Crítica Cineweb

12/04/2017


Filme australiano premiado em festivais como Adelaide, Melbourne e Seattle, O Sonho de Greta é uma grata surpresa em se tratando de histórias sobre adolescentes.

Baseada na peça teatral de Matthew Whittet, também autor do roteiro – e atuando como pai da protagonista –, ambientada nos anos 1970, a comédia acompanha as aventuras de Greta (Bethany Whitmore), garota às vésperas de completar 15 anos. Ela é tímida e acabou de mudar de escola. Sua entrada neste novo ambiente logo deixa claro o que a espera: de um lado, as bullies locais, Jade (Maiah Stewardson) e um inseparável par de gêmeas de maus bofes (Pia e Clara Moutakis); de outro, o carinhoso Elliott (Harrison Feldman), que logo se aproxima e oferece para ser seu amigo.

Compondo com a excentricidade geral do ambiente – um trabalho extraordinário do desenhista de produção e figurinos Jonathon Oxlade -, os pais de Greta são duas figuras: Conrad (Whitmore) está sempre de short ou calção, parecendo que vai partir de férias a cada minuto, além das brincadeirinhas infames com as filhas; Janet (Amber McMahon) ostenta um penteado mais exótico do que o outro e parece nunca desgrudar de sua bicicleta ergométrica. A belicosa irmã mais velha, Genevieve (Imogen Archer), além de confrontar os pais, só tem olhos para o namorado, Adam (Eamon Farren).

Embora o tom do filme fuja permanentemente da tragédia, até a esquisitice das pessoas e as cores exageradas dos anos 1970 acentuam a angústia de Greta com a aproximação de seu aniversário – o que só piora com a decisão de sua mãe de fazer-lhe uma festa e convidar todos os seus novos colegas da escola.

Se o seu mundo caiu – e não adiantam protestos de Greta para fazer a mãe mudar de ideia sobre a festa -, a fantasia pode ser um recurso. Greta tem uma fixação na floresta que se estende do outro lado ao fundo de seu quintal. E, em sua imaginação, desatada num sono inusitado bem no meio de sua festa, essa mata mostra-se povoada de seres bastante assustadores, com máscaras ou características animais, capazes de persegui-la a ponto de fazê-la temer por sua vida.

Sua aliada nesse mundo imaginário é uma mítica guerreira finlandesa, Huldra (Tilda Cobham-Hervey), que, muito simbolicamente, remete a uma heroína feminista neste mundo bizarro.

Escrita por um homem, a história é bastante honesta com o universo feminino, fruto certamente da direção de uma mulher, a estreante Rosemary Myers, que combina o rigor visual da produção e o componente do estranhamento a um sutil senso de humor e uma certa delicadeza de sentimentos – especialmente no que diz respeito à dupla Greta-Elliott, cujas interações colocam em evidência a questão do despertar da sexualidade, ainda que sem muita estridência. Isso contribui igualmente para dar maior leveza ao filme.

Neusa Barbosa



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