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HANS STADEN | LUIS ALBERTO PEREIRA | 1999 | BRASIL


Cena do filme "Hans Staden"

Cena do filme "Hans Staden"


"Hans Staden" (Brasil, 1999) é um épico nacional dirigido por Luiz Alberto Pereira, adaptado de relatos do alemão que dá nome ao filme, prisioneiro de índios antropófagos durante nove meses no Brasil do século XVI. Esse acontecimento já havia inspirado outro filme brasileiro, "Como Era Gostoso o Meu Francês" (1971), dirigido por Nelson Pereira dos Santos. No texto a seguir, Guiomar Ramos, doutora em Cinema pela ECA/USP, faz um rico paralelo entre as duas obras, e vale lembrar que "Hans Staden", a mais recente das duas, pode ser vista no streaming À La Carte (disponível até 10/06/2023), vale muito a pena conferir. O texto foi originalmente publicado no site Mnemocine. Boa leitura!


Como era gostoso meu Hans Staden

Guiomar Ramos


Cena do filme "Hans Staden"

Cena do filme "Hans Staden"


Quero estabelecer aqui uma comparação entre dois filmes - Como era gostoso o meu francês de Nelson Pereira dos Santos (1971) e Hans Staden de Luís Alberto Pereira (1999), que partem de um relato comum, o do artilheiro alemão, Hans Staden: prisioneiro de índios antropófagos por nove meses, no Brasil do séc. XVI, consegue escapar, e voltar para a Alemanha onde publica sua história.


O filme de Nelson, apesar de seguir bastante relato de Hans Staden, opta por inserir alguns dados de outro viajante da mesma época, o francês Jean de Léry, que veio juntar-se a comitiva do almirante Villegaignon com o intuito de povoar a França Antártica - tentativa de colonização francesa no Brasil.


A produção de Luís Alberto Pereira acompanha, como diz o próprio diretor - 'literalmente', o diário deste viajante alemão sobre sua estada no Brasil: de seu aprisionamento até sua ardilosa escapada.


A diferença que chama mais a atenção entre as duas produções é a que diz respeito ao destino final do protagonista: na primeira versão ele é sacrificado de acordo com o ritual antropofágico dos índios tupinambás, na segunda, ele consegue enganar seus algozes escapando do ritual previsto.


O que está implícito em um e outro final é determinante para entendermos as diferenças entre uma e outra adaptação.


A questão da adaptação:


O tipo de relação que Luís Alberto Pereira estabelece com o diário do viajante alemão é totalmente diferente do fixado por Nelson. Podemos dizer que o filme Hans Staden optou por um tipo de adaptação onde o objetivo é conseguir um campo de verossimilhança com a obra em questão, representar literalmente o que está escrito; essa relação de fidelidade com a obra é sempre muito relativa pela própria diferença de amplitude entre os dois suportes: o cinema tem recursos tão diferentes e explicitados- movimento de câmera, luz, textura, ruídos, música, diálogos, etc., que fica impossível reproduzir somente, exatamente, o relato escrito.


Mas, podemos dizer que, ao seguir 'à risca' a história do artilheiro alemão, a produção de Hans Staden recusa outros tipos de relação com o livro no qual se baseia; este, já foi fonte de inspiração para todo um pensamento sobre o ritual antropofágico dos índios brasileiros e tem um longo percurso de estudos e indagações.


A história da antropofagia brasileira


Duas viagens ao Brasil, de Hans Staden, foi publicado no séc.XVI, reeditado em fins do séc. XIX na Alemanha e traduzido no início do séc. XX no Brasil. A questão da antropofagia sempre polêmica, desde o séc. XVI ela já se destacava entre outras descrições e histórias do Novo Mundo. Hans Staden descrevia, com a ênfase de quem viveu na eminência de ser canibalizado, a experiência da antropofagia: "... golpeiam o prisioneiro na nuca, de modo que lhe saltam os miolos, e imediatamente levam-lhe as mulheres, o morto para o fogo, raspam-lhe toda a pele, fazendo-o inteiramente branco, e tapando-lhe o ânus com um pau a fim de que nada dele se escape". O livro de Jean de Léry (utilizado pelo filme de Nelson), fala das cenas de canibalismo com mais distanciamento, (afinal ele não viveu a possibilidade de ser devorado), em Viagem à terra do Brasil, chega a 'relativizar' a violência deste ato ao dizer que: "... existem entre nós (europeus) criaturas muito mais detestáveis do que os que só investem contra nações inimigas de que têm vingança a tomar. Não é preciso ir à América para ver coisas extraordinárias e monstruosas. Temo-las cá em nosso país." Montaigne, em Os Canibais, questiona a dimensão de ato bárbaro do canibalismo ao comparar a antropofagia aos procedimentos similares ou piores utilizados pela Europa do séc. XVI, diz ele: " ...estimo que é mais bárbaro comer um homem vivo do que o comer depois de morto; e é pior esquartejar um homem entre suplícios e tormentos e o queimar aos poucos, a pretexto de devoção e fé ... e isso é bem mais grave do que assar um homem previamente executado." Além dos relatos, existiam outras formas de descrever e representar os canibais: as ilustrações, as gravuras que acompanhavam esses textos, (de Teodoro de Bry, por exemplo); estas, serviram, de acordo com o historiador americano Thomas Skidmore, Uma história do Brasil, para afirmar a existência de um barbarismo que, ao longo dos séculos XVI e XVII, dava aos portugueses mais legitimidade para dizerem que estavam levando a civilização aos selvagens.


À partir do séc. XX, a antropofagia, deslocada dessa visão dos cronistas do séc. XVI, vai se transformar em metáfora, através da apropriação do termo por Oswald e Mário de Andrade, ou em análise histórica e antropológica por Alfred Métraux (A religião dos tupinambás, 1928), Florestan Fernandes (A função social da guerra na sociedade dos tupinambás, 1948), Lévi-Strauss (Tristes trópicos) etc. É interessante lembrar que essa noção de antropofagia, recorrente para Oswald e para esses historiadores, é apoiada na literatura dos viajantes, (a qual o livro de Hans Staden se destaca), se refere sempre ao canibalismo ritualístico dos índios tupinambás (existem outros tipos de antropofagia ritual, como a dos índios Tapuias, que comiam seus mortos).


Na década de 60 vai haver uma reutilização da noção de antropofagia em movimentos culturais como o Tropicalismo (1968), peças como O Rei da Vela (1967) de Oswald - ambos inspirados pelo filme Terra em transe (1967). Vários outros filmes foram influenciados por essa estética tropicalista-antropofágica - O anjo nasceu, de Júlio Bressane, O bandido das luz vermelha (1968), de Rogério Sganzerla, etc. Mas é com a adaptação de Joaquim Pedro de Andrade do livro Macunaíma (1969), de Mário de Andrade, que aparece pela primeira vez a imagem do canibalismo como devoração cultural no cinema brasileiro.


Cena do filme "Hans Staden"

Cena do filme "Hans Staden"


A inserção da história de Léry


Como já foi mencionado, ambos os filmes, partem de uma fonte comum - o diário do artilheiro alemão e Nelson Pereira dos Santos, acrescenta descrições do viajante Jean de Léry (primeiro nome e nacionalidade de seu protagonista) que são reproduzidas nas cenas iniciais de Como era gostoso. Trata-se da leitura da carta do almirante Villegaignon, governador da a França Antártica, para Calvino, (carta citada pelo livro de Léry), descrevendo uma rebelião dos próprios franceses, que aqui habitavam contra a tirania desse almirante. Nelson insere seu personagem nesse conflito, do qual ao fugir, é pego por índios tupiniquins, aliados dos portugueses, inimigos dos franceses, e depois pelos tupinambás. Estes, apesar de serem amigos de seu país, o confundem com um português e por isso o aprisionam - essa última parte e as cenas que se seguem reproduzem o relato de Hans Staden. Nelson nos lança dentro de um emaranhado de conflitos e é dentro dele, dessa confusão de nacionalidades em guerra, que vai estar inserido o tema da antropofagia.


A inserção da história de Léry em Como era gostoso o meu francês demonstra a preocupação do diretor com o relato histórico (ele poderia ter inventado aqueles fatos iniciais), mas, além disso, ao contextualizar o aprisionamento de Jean pelos tupinambás em meio a uma série de conflitos entre nações, o filme valoriza a unidade dos tupinambás. Afinal, o país, que em Hans Staden é representado como a 'grande família' - a Alemanha, para a qual ele consegue voltar, no filme de Nelson - a França, é responsável por sua expulsão e mais adiante, na figura de um comerciante francês, o trai vilmente, ao desmentir, só de safadeza, a sua nacionalidade. A cena em que um conterrâneo tem a chance de ajudar o outro a ser salvo da canibalização, também aparece no filme de Luís Alberto Pereira; só que, no caso, o personagem de Hans estava falseando sua nacionalidade, tentando se passar por francês sendo alemão; de qualquer forma, o francês que nega ajudá-lo volta atrás e tenta salvá-lo. As nações européias aparecem aí unidas e com senso de moral. O outro comerciante francês, representado pelo ator Sérgio Mamberti, estaria fazendo o papel do colonizador sacana, sem nenhuma relação de patriotismo; mas, ele tem um tipo tão estereotipado e cômico que não chega a abalar a figura daquele comerciante correto.


Identificando o estrangeiro com o espectador


Com finalidades completamente diferentes, os dois filmes têm alguns pontos em comum, como, por exemplo, a maneira como ambos nos identificam com a figura do estrangeiro, do colonizador. Luís Alberto Pereira cria, logo de cara, uma empatia entre o protagonista e o espectador, seja pela voz do próprio Hans Staden, em off, relatando, de forma intimista, o momento de seu aprisionamento, seja pela maneira vulnerável com a qual seu corpo 'branquíssimo', de estrangeiro alemão, nos é apresentado.


Sem esse mergulho, tão imediato, no universo do protagonista, proporcionado pela entrada de sua voz em off, Como era gostoso também constrói uma empatia entre o protagonista, o Jean e o espectador. Nos primeiros minutos do filme Jean aparece em uma situação de tal abandono - expulso por seus próprios compatriotas, aprisionado pelos índios tupiniquins e os portugueses, novamente preso pelos índios tupinambás, que ficamos necessariamente solidários a ele. Também temos a voz de Jean em off quando este descreve o cotidiano dos índios com os quais está convivendo. Sua voz em off causa a sensação de intimidade e domínio sobre aquela gente.

Além da voz off ou da situação de fragilidade do protagonista, a empatia inicial com a figura do colonizador-civilizador, também é criada através do impacto causado pelo encontro deste com os índios que, em ambas produções, nos são apresentados como temíveis antropófagos. Em Hans Staden todo realismo da cena, é trabalhado no sentido de mostrar o medo, o horror, a solidão do protagonista, que tem a perna machucada no ato do aprisionamento e vai sendo arrastado, mesmo assim, por seus algozes. Em Como era gostoso também há choque nesse primeiro encontro quando alguns prisioneiros são abatidos, no ato, com um único golpe do 'tacape' (nome do pedaço de pau utilizado pelos índios com o fim de abater o inimigo).


Ambos filmes também substituem essa primeira imagem do índio-hostil-antropófago por uma figura de ser humano mais amena: aquele que organiza seu cotidiano construtivamente, plantando, pescando, fazendo adereços.

Tanto Jean quanto Hans se adaptam ao cotidiano indígena, pois, afinal, eles não vão ser devorados no dia seguinte. E é aí que começam as primeiras diferenças entre a interpretação dada por um e por outro filme.


A vivência de Jean junto à comunidade indígena (onde lhe é oferecido a possibilidade de caçar, plantar, e até ter uma mulher só para ele), durante os oito meses que antecedem seu sacrifício, não é casual, nem fruto da habilidade de Jean/Staden para adiar seu sacrifício (como nos é mostrado no filme de Luís Alberto). De acordo com o estudo de Florestan Fernandes, A função social da guerra na sociedade tupinambá," ... os inimigos capturados passam por um processo de integração à sociedade dos captores para depois serem destruídos". A conversão do cativo em vítima promovia sua integração à comunidade. É previsto pelas regras indígenas um período de convivência harmônica entre o prisioneiro e a comunidade. É quando, em ambos os filmes, os protagonistas tentam se fazer de poderosos para os índios, mostrando seus poderes de comunicação com os deuses - conseguem prever a chuva ou a morte de um de seus membros.

Só que todas as tentativas do Jean, de Como era gostoso, de interação com a tribo, vão servir para mostrar como a crença indígena é forte - se ela não pode ser abalada, ele vai ser devorado. Já na versão atual, Hans consegue inserir-se no cotidiano sagrado dos índios de tal forma que estes abrem uma exceção dentro de sua cultura e deixam-no escapar.


Ao fazer cumprir o ritual indígena optando pela morte de Jean, o filme de Nelson alinha-se a uma tradição, de compreensão da cultura indígena e crítica ao europeu, que começa no séc. XVI, passa por Montaigne, e chega até o séc. XX com estudo de Florestan Fernandes e a invenção cultural de Oswald de Andrade.

A cena de guerra entre os tupinambás e os tupiniquins (que antecede a canibalização do francês) destaca, no filme de Nelson, que o conflito entre as tribos é anterior a chegada dos europeus e nos explica a tradição do ritual antropofágico como diretamente ligada à guerra. Montaigne (Os canibais) já dizia que " ... esses povos não entram em conflito a fim de conquistar novos territórios, porquanto gozam ainda de uma uberdade natural que, sem trabalhos nem fadigas, lhes fornece tudo o que necessitam e em tal abundância que não têm motivo para desejar ampliar suas terras" e Florestan Fernandes completa afirmando ser em torno da noção de vingança que se objetivavam culturalmente os motivos que os conduziam à guerra, "... eles viam nos ritos de 'destruição' dos inimigos uma forma perfeita de consumação de vingança",(é importante salientar que Florestan refere-se aí a um sentimento de vingança mais complexo do que o corriqueiro).


Cena do filme "Hans Staden"

Cena do filme "Hans Staden"


O índio no filme de Nelson e no filme de Luís Alberto: implicações


A conseqüência mais imediata da opção por um ou outro final (deixar ou não Hans escapar do ritual antropofágico) está na expressão de melancolia e dor que, na primeira versão, aparece na figura do colonizador e na segunda na figura do índio.


O final de Hans Staden coloca os índios como uns ingênuos ou melancólicos. Um pouco antes da partida de Hans, eles são atraídos para o interior de uma embarcação francesa, com a promessa, que os satisfaz plenamente, de um baú cheio de especiarias. Em Como era gostoso temos uma cena onde o negociante francês tenta entregar um baú com presentes para os índios, este é veemente recusado por seu chefe - Cunhambebe que, nomeando os objetos de 'quinquilharias', afirma, a seguir, seu interesse pela pólvora.


A melancolia, em Hans Staden, é colocada como um sentimento 'próprio' do índio, na expressão de tristeza da índia na canoa, vendo seu amante Hans Staden se afastar na grande embarcação. Em Como era gostoso o meu francês esse sentimento parece estar localizado na figura de Jean, que perde sua única oportunidade de escapar, por querer levar Seboipepe junto: estava em uma canoa já próximo a uma embarcação francesa, ao ouvir a voz da índia chamando-o para a praia, volta para buscá-la.


A impossibilidade de uma relação de afeto entre o colonizador e o colonizado em Hans Staden é determinada pela figura do colonizador, que consegue retornar a sua verdadeira "família"- a Alemanha; em Como era gostoso, trata-se da impossibilidade de existência do próprio sentimento em si, em função das normas e hábitos rígidos que regem a sociedade dos tupinambás: uma índia não se apaixonaria pelo inimigo que irá devorar.


A não concessão dos índios de Como era gostoso o meu francês em relação a vida de Jean nos remete à regra preconizada por Oswald, presente na Revista Antropofágica de 1928: "só o civilizado faz concessões, transige e assina o Tratado de Versalhes ... o acordo (do índio) era no moquém com o corpo do inimigo fritando na brasa". A influência de Oswald no filme, pode ser responsável pelas interpretações carnavalizadas, (que confirmam seu lema de devoração da cultura estrangeira): o close sobre o rosto de Seboipep comendo com prazer o 'pescocinho' de Jean ou imagem de Cunhambebe correndo com os canhões (que pertenceram a Jean) apoiados nos ombros - vale lembrar também da provocação presente no próprio título: Como era gostoso o meu francês. Mas a maneira como o cotidiano indígena nos é mostrado recebe o mesmo tratamento e precisão histórica do filme Hans Staden: os rituais, os diálogos em tupy ( realizados pelo cineasta Humberto Mauro), a descrição dos hábitos e história dos tupinambás. E pelo viés de uma interpretação histórica, a canibalização do francês representa uma visão positiva da crença indígena de que, ao comer o inimigo, estariam assimilando para si a sua força, ponto de vista que nos leva, como já foi dito, aos estudos de Florestan Fernandes.


A antropofagia no filme Hans Staden é vista de maneira semelhante à descrita pelo livro do viajante europeu, trás a imagem de terror e de medo que circundavam o imaginário do civilizado em relação ao nativo, justificativa para a catequização, para o ensinamento que os europeus deveriam dar ao Novo Mundo. Na produção de Luís Alberto, o domínio de Hans em relação à tribo aumenta fazendo com que ele consiga, em nome de seu Deus, não só salvar a si próprio, como às pessoas a sua volta: o negro, que é encontrado na floresta - ele convence os índios a deixá-lo fugir, o mesmo ocorre com seus amigos portugueses. O índio de Hans Staden é, no fundo, bom, puro, é "catequizável".


O ponto de vista do filme Hans Staden é o da estranheza do europeu em relação aos costumes nativos, a apresentação detalhada dos rituais indígenas, onde a música de Marluí Miranda colabora para uma visão extremamente convincente desse cotidiano, coloca o espectador como um observador privilegiado de uma experiência exótica, onde podemos ir embora com o viajante alemão relatar as estranhas sensações do convívio entre índios canibais. É a recusa da leitura de Oswald, expressa neste trecho do Manifesto Antropófago que confirma a vitória do Brasil primitivo: "Antes dos portugueses descobrirem o Brasil, o Brasil tinha descoberto a felicidade ... mas não foram cruzados que vieram. Foram fugitivos de uma civilização que estamos comendo, porque somos fortes e vingativos como o Jaboty ...Peste dos chamados povos cultos e christianisados, é contra ella que estamos agindo.... Antropófagos"(Revista de Antropofagia, 1928-1929).


A morte de Jean, em Como era gostoso, inverte as relações vencedor-vencido, colonizador-colonizado, civilizado-selvagem, presentes dentro da narrativa original. Passamos por um 'tratamento de choque': aquele com o qual nos identificáramos é devorado e suas últimas palavras são as mesmas de um guerreiro tupinambá para seus inimigos: "Quando eu estiver morto meus amigos virão vingar-me e não restará um de vós nesta terra". Nesse caso, a sensação não é de conforto, já que o filme nos causa uma certa confusão de identidade: quem eram nossos 'amigos'? os franceses, os portugueses, os índios?




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