Filmado na Itália, entre Veneza e Roma, "Eva"(1962), dirigido pelo americano Joseph Losey, traz no papel título uma das maiores atrizes que o mundo já conheceu: a francesa Jeanne Moreau, cujo falecimento, em 31 de julho de 2017, comoveu o mundo, a exemplo do que expressou Pierre Lescure, atual presidente do Festival de Cinema de Cannes: "Ela era muito forte e não gostava de ver as pessoas sofrendo. Desculpe, Jeanne, mas isso está acima da nossa capacidade. Estamos chorando". Leia esta e outras informações na reportagem a seguir, publicada no jornal O Globo.
O Globo
RIO — Ícone da revolução sexual graças a filmes cultuados como “Os amantes” (1958) e “Jules e Jim — Uma mulher para dois” (1962), a diva francesa Jeanne Moreau foi encontrada morta em sua casa, em Paris, aos 89 anos. A informação foi confirmada pelo prefeito do distrito parisiense em que a atriz vivia. Ela deixa seu único filho, Jérôme Richard, fruto de seu casamento com o ator e diretor francês Jean-Louis Richard.
Em entrevista ao GLOBO em junho de 2013, Jeanne revelou "não ter medo de nada", nem da morte. "Não importa o que eu seja no imaginário alheio: mito, diva. Eu sou apenas mulher. E como qualquer mulher, aliás, como qualquer ser humano, vou morrer um dia. Estou me preparando para a chegada da morte. Quero apenas saber que deixei tudo em ordem, na minha casa, na minha vida e mesmo no cinema, antes de partir", disse a atriz.
Jeanne participou de mais de 130 filmes em sua carreira. Estrela da nouvelle vague, ela esteve em longas consagrados de cineastas como Louis Malle, Francois Truffaut, Jacques Demy, Michelangelo Antonioni, Welles, Luis Bunuel e Joseph Losey. A diva também atuou como roteirista e diretora em alguns trabalhos, além de deixar sua marca no cinema brasileiro ao participar de “Joanna francesa”, de Cacá Diegues.
O último filme de sua longa trajetória, que acumulava 65 anos, foi a comédia francesa "Le talent de mes amis" (2015), do diretor Alex Lutz. Em 1967, ela venceu o BAFTA de melhor atriz estrangeira por "Viva Maria!", filme de Louis Malle, de 1965. Anos antes, em 1960, Jeanne já havia se consagrado como melhor atriz no festival de Cannes por "Duas almas em suplício", de Peter Brook.
Considerada por Orson Welles uma das "melhores atrizes no mundo", Jeanne foi uma das poucas mulheres a presidirem o festival de Cannes na história, sendo a única a ocupar o cargo duas vezes (em 1975 e 1995). Ela também foi a primeira mulher a ingressar na Academia de Belas Artes de Paris.
A atriz foi casada três vezes. O primeiro relacionamento foi com o ator e diretor francês Jean-Louis Richard, entre 1949 e 1951. Depois, ela viveu romances com o diretor William Friedkin, e com o ator grego Teodoro Rubanis.
REPERCUSSÃO
No Twitter, o atual presidente da França, Emmanuel Macron, se pronunciou sobre a morte da atriz. "Ela é uma lenda do cinema e do teatro. Uma atriz que encarou a vida com absoluta liberdade", disse o líder.
O presidente do festival de Cannes, Pierre Lescure, também prestou homenagem a Jeanne no Twitter. Ele escreveu: "Ela era muito forte e não gostava de ver as pessoas sofrendo. Desculpe, Jeanne, mas isso está acima da nossa capacidade. Estamos chorando."
A ministra da cultura da França, Francoise Nyssen, escreveu em seu perfil pessoal: "Ela pode ter ido embora, mas sua voz, genialidade e visão como artista permanecem."
Para assistir ao filme, clique no link abaixo: https://www.belasartesalacarte.com.br/eva
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